Aos 23 anos, a então costureira Cristina Moura, hoje com 56 anos, pediu demissão de uma fábrica para cuidar do primeiro filho. O plano era voltar ao mercado quando a criança já estivesse maior, mas a sobrecarga do “trabalho invisível” fez algo provisório perdurar.
Sozinha, ela precisou ser colo e seio, privar o sono, manter a casa e as roupas limpas, fazer as feiras, a comida, acompanhar os rebentos na escola, nas visitas ao pediatra, monitorar as febres, aplacar os choros e tantas outras funções culturalmente atribuídas às mulheres – as quais podem se tornar reféns dos afazeres domésticos e de uma vida dedicada aos outros.
“Queria voltar a trabalhar até o meu primeiro filho completar 10 anos, mas veio a segunda filha e começou tudo de novo. Dediquei-me inteiramente a eles, à casa e ao ex-companheiro, que viajava sempre. Então, eu ficava com as responsabilidades de mãe e de pai”, lembra.
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