Hacker colocou pacote com os dados do presidente da República e dos 11
ministros do Supremo, além de deputados e senadores.
Hacker vazou dados pessoais de
Bolsonaro e de outros políticos (Reprodução)
Após o megavazamento de dados de 223 milhões de CPFs, 40 milhões de CNPJs e 104 milhões de registros de veículos, dados de algumas das maiores autoridades do País estão à venda na internet. Entre os afetados estão o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o ex- presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e os 11 ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A empresa de segurança Syhunt analisou alguns dos
arquivos ofertados pelo criminoso na internet – e não é possível saber a
identidade e o número de pessoas envolvidas no vazamento.
Um dos arquivos é considerado o “catálogo” das
informações em poder do hacker. Nele, é possível fazer uma busca com nome
completo ou CPF para encontrar aquilo que o hacker colocou à venda. Ou seja: o
Estadão e a empresa não tiveram acesso aos dados das autoridades citadas na
reportagem – o que foi encontrado é aquilo que o hacker diz ter colocado à
venda. São menções à existência dessas informações.
O hacker está oferecendo informações em 37
categorias. Entre elas, Bolsonaro aparece com dados em 20, Maia, em 15, e
Alcolumbre, em 16. Entre os ministros do STF, Ricardo Lewandowski é o mais
afetado, com dados em 26 categorias. O presidente da corte, Luiz Fux, tem dados
ofertados em 23 categorias. Todos outros também têm dados em mais de 20
categorias: Dias Toffoli (25), Luiz Roberto Barroso (25), Alexandre de Moraes
(24), Gilmar Mendes (24), Rosa Weber (23), Kassio Nunes Marques (23), Edson
Fachin (22), Cármen Lúcia (21) e Marco Aurélio Mello (21).
Nem todas as autoridades têm informações listadas
nas mesmas categorias, um indício de como o vazamento deve afetar a população.
Bolsonaro, por exemplo, teria fotos de rosto, algo que não aconteceu com todos
os ministros do STF. Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, por exemplo, têm
dados de PIS, renda e salário – Bolsonaro, por exemplo, só aparece em renda. Já
Rosa Weber tem à venda dados referentes ao Imposto de Renda de 2017.
“Não é possível saber se os criminosos têm as
informações ou não, mas é muito difícil que não tenham. As amostras foram
claramente exportadas por uma ferramenta interna de consulta do hacker”, diz
Felipe Daragon, fundador da Syhunt.
Inicialmente, o hacker também publicou outros
pacotes de dados que serviam como uma espécie de “amostra grátis” daquilo que
ele tem para oferecer. Em cada uma das 37 categorias para pessoa física, ele
colocou dados aleatórios de cerca de mil pessoas, o que permitiu que
informações de cerca de 40 mil brasileiros circulassem livremente pela
internet. O link foi desativado no fim da semana passada.
Os dados são vendidos em pacotes a partir de US$
500. Segundo as postagens dos criminosos, não são aceitos pedidos para uma
única pessoa. No material postado na internet, os criminosos dizem que não
vendem os dados das 37 categorias para o mesmo CPF – o limite seria de dez.
Daragon ressalta que o vazamento é perigoso porque
também permite o cruzamento de informações para se chegar aos parentes das
vítimas. A base de dados chamada “vínculos” promete entregar relações
familiares em primeiro e segundo graus. A partir disso, seria possível fazer
buscas sobre essas pessoas. Entre as 14 autoridades analisadas, apenas cinco
(Maia, Alcolumbre, Cármen Lúcia, Kassio Nunes e Marco Aurélio Mello) não têm
dados nessa base de vínculos à venda.
Reação
Após a divulgação da informação, o presidente do
STF, ministro Luiz Fux, pediu providências. Foram enviados ofícios ao ministro
da Justiça, André Mendonça, e ao ministro Alexandre de Moraes, relator do
inquérito 4781-STF, que apura ofensas e ameaças aos ministros do STF.
Fux também considerou gravíssimo o vazamento
anunciado de dados de milhões de brasileiros – segundo especialistas, esse pode
ser o maior roubo de informações do País.
Fonte: O Tempo via
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