domingo, 5 de julho de 2020

É meu dever', dizer sou a 1ª brasileira a testar vacina contra covid-19


No dia 20 de junho, a coordenadora de odontologia do Hospital São Paulo Denise Abranches deixou seu trabalho e foi direto para o Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais, mais conhecido como CRIE, localizado no 770 da Borges Lagoa. Lá, ela inseriu seu nome entre os 2 mil voluntários entre São Paulo e Rio de Janeiro para a testagem da vacina de Oxford contra a covid-19. Quarenta e sete anos, profissional da área da saúde e sem anticorpos para a doença, estava dentro do perfil buscado. Dez dias depois, seu nome entrou para a história como a primeira voluntária brasileira a receber a possível imunização contra a pandemia.

“É meu dever como profissional de saúde contribuir com a ciência e trazer essa segurança para a população”, explica a cirurgiã-dentista, que atua na UTI do Hospital São Paulo na redução de patógenos durante a intubação de pacientes. O contato direto com a saliva infectada a expõe diariamente ao risco de contrair o coronavírus.

A vacina de Oxford foi produzida com a junção de proteínas do Sars-Cov-2 e o adenovírus inativado. Na terceira e última fase de testes, a ideia é descobrir se a vacina produz uma resposta de memória imunológica nos pacientes testados. Em outras palavras, no organismo da cirurgiã pode estar circulando uma das possíveis saídas para a maior pandemia do século. Por se tratar de um estudo randômico, Denise não sabe se está de fato imunizada ou se recebeu um placebo. O sorteio e o senso de responsabilidade não lhe rendem preocupações.

“Confio plenamente no trabalho da Prof. Dra. Lily Yin Weckx, médica e referência internacional em imunizações. O estudo de Oxford veio muito por ela. Sei o quanto ela representa na pesquisa e no mundo universitário. Antes de tudo, sou uma admiradora”, relata Denise, que possui um diário eletrônico para alimentar informações sobre temperatura e sintomas corporais, além da equipe do Hospital à disposição. Por ora, nenhuma reação adversa. Já nas batalhas rotineiras, Denise se define como “apenas um instrumento em uma orquestra”.

“A luta contra a pandemia tem proporcionado momentos difíceis não só para os profissionais da saúde. É uma doação de todas as categorias: os profissionais administrativos, secretárias, diretores, profissionais da limpeza, cozinheiros. Não temos escolha senão cuidar do paciente dentro de todas as circunstâncias. Estamos falando de um vírus que não bateu na porta, arrombou”, desabafa a cirurgiã, que há meses não tem contato direto com a família, em especial a mãe, que também atuou na área da saúde como enfermeira por 32 anos. De acordo com Denise, o apoio da família para a testagem também foi incondicional.

“Tem 4 meses que não a vejo , mas vivi minha vida inteira com minha mãe dentro de um hospital. Minha família sempre teve uma consciência social imensa e muito alinhada comigo.”

Enquanto os resultados das testagens não se confirmam, a vida vai seguindo dentro do novo normal. “Temos que manter as mesmas disciplinas de biossegurança”, explica ela. “Usar a máscara e lavar as mãos, por exemplo, continuam sendo um atos de amor e um símbolo da guerra contra o vírus.

Com informações R7

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