sexta-feira, 29 de março de 2019

Ceará registra 52 casos de meningite em 2019; doença já causou dois óbitos no estado

Em comparação com 2018, o Ceará registrou uma queda de 47% nos casos de meningite.



De acordo com a Secretaria da Saúde, uma das vítimas foi um adulto entre "40 e 49" anos. — Foto: Rui Nóbrega

O Ceará registrou 52 casos de meningite em 2019, de acordo com o Boletim Epidemiológico Meningite da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa). O período analisado dentro do documento é de 10 a 16 de março. Além das notificações da doença, dois óbitos foram registrados causados por meningite neste ano. O boletim revela que uma criança dentro da faixa etária de "5 a 9 anos de idade" é uma das vítimas. Essa é a mesma faixa etária do neto do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que faleceu por meningite no começo de março. Além da criança, um adulto entre "40 e 49 anos" também faleceu. Em comparação com igual período do ano passado, o Ceará registrou uma queda de 47% nos casos de meningite. Em 2018, foram 99 notificações da doença — além de 10 óbitos (caracterizando uma redução de 80% das mortes em comparação com 2019). A Secretaria da Saúde explica que "a meningite é uma inflamação das membranas que recobrem o cérebro. Pode ser causada por fungo e vírus, geralmente em casos menos graves. Também pode ser transmitida por bactéria, que apresenta quadros mais graves e com maior risco de óbito ou sequelas, como convulsões, surdez, perda de memória, falência nos rins, AVC e outros danos cerebrais".


"As meningites de origem infecciosa, principalmente as causadas por bactérias e vírus, são as mais importantes do ponto de vista da Saúde Pública, pela magnitude de sua ocorrência, pelo potencial de produzir surtos e por sua letalidade. No Brasil, as meningites infecciosas, em especial a Doença Meningocócica (DM), apresentam comportamento endêmico", complementa o boletim epidemiológico.


Sintomas

Os principais sintomas de meningite são febre alta repentina, dor de cabeça e na nuca, rigidez no pescoço e vômito. Também podem aparecer convulsões, sonolência, fotossensibilidade, falta de apetite e manchas ou rachaduras na pele. Bebês recém-nascidos podem apresentar ainda moleira elevada e inquietação.

A transmissão acontece através de secreções respiratórias e da saliva. A meningite pode evoluir rapidamente, principalmente entre crianças e adolescentes. "Nesse período do ano é bom evitar aglomerações em ambientes fechados, pois o risco de transmissão aumenta por conta do contato mais próximo", reforça o infectologista pediátrico do Hospital São José (HSJ), Robério Leite.


A Secretaria da Saúde alerta que ao surgirem os primeiros sintomas, deve-se procurar o posto de saúde mais próximo. Confirmada a doença, o paciente é encaminhado para uma unidade de saúde, como o Hospital São José, em Fortaleza.


Um paciente, que prefere não se identificar, revela a importância do acompanhamento médico. "Até hoje, tomo medicamentos para evitar convulsões. A minha qualidade de vida é boa porque sigo direitinho a orientação do médico. Mas poderia ter sido pior, eu poderia ter morrido. Por isso, não descuido da vacinação das minhas três netas. Todas estão com o calendário das vacinas em dia", diz o homem, que tem meningite desde os dois anos de idade.

Prevenção

O governo estadual informa também que "a meningite é uma doença prevenível". E a melhor forma de se proteger dessa enfermidade é manter a caderneta de vacinação em dia. "Conforme o Calendário Nacional de Vacinação, há quatro vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS) que protegem contra a meningite: BCG, pentavalente, pneumocócica 10 valente e meningocócica C", complementa a Secretaria da Saúde.

"A vacinação é a melhor forma de prevenção. Se o indivíduo é vacinado, se protege e ainda protege outras pessoas, pois não se torna portador da doença e não transmite", afirma Robério Leite, infectologista.


A primeira vacina contra a meningite é logo ao nascer. E desde o ano passado, a faixa etária de imunização contra a meningite C foi ampliada. A cobertura vacinal passou a contemplar também adolescentes de 11 a 14 anos de idade. Além da vacinação, seguir algumas medidas básicas ajudam a prevenir a doença como lavar bem as mãos, principalmente antes de preparar alimentos.

Por Samuel Pinusa, G1 CE

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