quinta-feira, 19 de julho de 2018

Mais de 50 mil casos de AVC podem ser evitados por ano no Brasil


Figurando há anos como uma das principais causas de morte no país, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é um antigo conhecido da população. Só em 2015, por exemplo, cerca de 100 mil óbitos foram ocasionados pela doença no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Diante de tal cenário, falar sobre a prevenção dos fatores de risco é importante: entre os principais, está a fibrilação atrial (FA).

O tipo de arritmia cardíaca mais comum do mundo, que leva o coração a bater em um ritmo irregular, aumenta em cinco vezes as chances dos pacientes sofrerem um AVC. Segundo o cardiologista Dr. José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, a fibrilação atrial é um grande problema de saúde pública e os números da doença são alarmantes.

"A enfermidade faz com que os sinais elétricos emitidos pelo coração falhem, levando os átrios a se contraírem de maneira irregular, "fibrilando", e provocando um acúmulo de sangue local. Tal retenção, além de outras alterações provocadas pela FA, pode levar à formação de coágulos sanguíneos que podem se dirigir à circulação sanguínea e chegar a qualquer parte do corpo, como o cérebro – provocando o AVC, que, nesse caso, tende a ser mais grave do que em outras situações", afirma o cardiologista.

O diagnóstico precoce e o tratamento da fibrilação atrial são fortes aliados do paciente para evitar essa complicação, pois parte do tratamento consiste no uso de medicamentos anticoagulantes, responsáveis por reduzir o risco de AVC. Além disso, existem tratamentos que visam restaurar a frequência cardíaca do paciente.

De acordo com o Dr. José Francisco, o maior desafio está no fato de que a FA é uma doença silenciosa. "Muitos dos pacientes não apresentam sinais da arritmia, o que faz com que eles não procurem orientação médica. Entretanto, nos casos em que há manifestações, os sintomas mais comuns englobam palpitações, tontura, dores no peito e falta de ar."

Condição desconhecida

Embora a fibrilação atrial atinja entre 1,5 milhão e 2 milhões de pessoas no país, ela ainda é desconhecida pela população, como mostrou a pesquisa "A percepção dos brasileiros sobre doenças cardiovasculares", encomendada pela Boehringer Ingelheim (BI), em que 63% dos participantes afirmaram nunca terem ouvido falar sobre a arritmia. O estudo também revelou que 47% dos entrevistados com FA não faziam uso de medicação anticoagulante, ficando mais expostos às complicações da doença.

Uma das possíveis explicações sobre a não adoção ao tratamento é a preocupação com sangramentos, o efeito colateral mais lembrado das medicações anticoagulantes - conhecidas popularmente por "afinarem o sangue". Entretanto, recentemente a medicina testemunhou um avanço quanto a essa classe terapêutica.

"Já está aprovado em 61 países, inclusive no Brasil, o primeiro agente reversor de medicação anticoagulante do mundo, destinado a uso hospitalar. De princípio ativo idarucizumabe, o medicamento possui efeito imediato, revertendo especificamente a ação da dabigatrana, em pacientes que precisam ser submetidos a cirurgias de emergência ou apresentam sangramentos incontroláveis, ocasionados por acidentes, sejam eles domésticos ou não", explica o presidente da Sociedade de Cardiologia.

Logo, apesar de parecer inofensiva em um primeiro momento, a fibrilação atrial é um risco para a saúde de quem sofre com a doença, que atinge principalmente idosos acima dos 70 anos. É comum os pacientes serem diagnosticados com a arritmia apenas em um episódio de AVC, a sua manifestação mais grave, que pode levar a sequelas incapacitantes e até à morte. Check-ups de rotina são recomendados. Com informações do Diário do Nordeste.

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