quinta-feira, 26 de abril de 2018

58% DOS APROVADOS EM CONCURSOS PARA A POLÍCIA CIVIL DO CEARÁ ABANDONAM A CORPORAÇÃO

Pesquisa do Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sinpol), com base em informações do Diário Oficial, mostrou que, em 10 anos, dos 3.489 profissionais que ingressaram na corporação por meio de concursos públicos, 2001 escrivães e inspetores abandonaram a carreira. A evasão, segundo o Sinpol, representa 58% do total de convocados, como alerta, em entrevista à edição desta segunda-feira, 23, do Jornal Alerta Geral (Rádio FM 103.4 – Expresso Grande Fortaleza + 25 emissoras no Interior), o presidente do Sinpol, Lucas Oliveira.

O presidente do Sinpol afirma que o alto índice de evasão “reflete a falta de valorização e falta de estrutura da nossa Polícia Civil”. Segundo Lucas Oliveira, os baixos salários – a Polícia Civil do Ceará recebe um salário menor do que a Polícia Civil do Piauí, Estado que tem o menor PIB da região Nordeste – e exercer a atividade de custodiar presos, que não é atribuição da corporação, são os principais motivos para o alto número de pedidos de exoneração.

Com o alto índice de evasão, o presidente do Sinpol lembra que a quantidade de policiais civis no Ceará é insuficiente para atender a quantidade de demanda. De acordo com a Sinpol, no Estado, a corporação conta com 3,7 mil policiais civis para atender 9 milhões de cearenses atualmente. Na década de 1980, com uma população menor, o Estado contava com mais de 4 mil policiais integrando a corporação. “Não dá para fazer o trabalho que a sociedade precisa com uma situação dessas”, pontua o presidente do Sinpol.

A realidade da Polícia Civil, explica Lucas Oliveira, contribui para a lentidão da resolução de crimes no Estado – a corporação é a responsável pelas investigações dos delitos criminosos. Com o aumento no número dos inquéritos, a criminalidade e o sentimento de impunidade cresce no Estado, alerta o presidente do Sinpol.

Lucas Oliveira expõe, por exemplo, a realidade da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que tem mais de 5 mil inquéritos esperando investigação. A delegacia de Juazeiro do Norte também foi citada pelo presidente do Sinpol. Lá, 2 mil inquéritos também tramitam à espera de resolução. “É impossível se fazer um bom trabalho diante de tanta demanda, com poucos policiais”, conclui Lucas.

Reunião com o governador

O presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado (Sinpol) ainda ressaltou que não adianta só fazer concurso, em virtude do alto índice de exonerações. O Governo do Estado, segundo ele, deve trabalhar para manter seus policiais civis nos cargos, o que não vem acontecendo.

Para Lucas Oliveira, os concursos ainda são insuficientes, dada a carência nas delegacias do Ceará de inspetores, escrivães e delegados, principalmente no Interior cearense. O presidente do Sinpol pediu para que o governador Camilo Santana (PT) valorize mais a corporação e disse que deve se encontrar com o chefe do Executivo estadual nos próximos dias, para apresentar propostas e discutir alternativas.

Lucas ainda criticou o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), afirmando que “falta empenho” do órgão estadual nas fiscalizações da lei.

Fonte: Polícia Civil do Ceará em Ação

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