Foto: Divulgação
O Ceará é um dos dez estados do País cuja frota de motocicletas é maior que a de automóveis, com a oitava maior proporção, conforme estatísticas do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Hoje, no Dia do Motociclista, esse cenário endossa a necessidade de se discutir o impacto desse crescimento e a convivência no trânsito.
No Estado, de acordo com a mais recente Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 32,5% dos condutores de motos no Ceará declararam nem sempre usar capacete. A proporção dos que afirmaram usar (67,5%) é a quinta menor do Brasil, melhor somente que no Pará (54,9%), Piauí (58,2%), Alagoas (61,9%), Sergipe (64,1%) e Maranhão (66%). Entre os passageiros de motos, 31,3% no Ceará afirmaram nem sempre usar o capacete; são 68,7% os que afirmam sempre usar.
O chefe do núcleo de comunicação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Ceará, Alexsandro Batista, destaca que a frota crescente é um desafio para o órgão e que, pelas especificidades do equipamento - de muita mobilidade, fácil deslocamento e que deixa o condutor mais exposto -, as fiscalizações precisam ser diferenciadas.
“Tivemos muita facilidade no crédito, é um veículo de baixo custo e simples aquisição. Mas nas nossas operações muitos estão sem habilitação e sem capacete”, critica, reforçando que é 8,5 vezes maior a probabilidade de, num acidente, morrer o passageiro se estiver sem capacete; se for o motorista, aumenta em 5,4 vezes.
Enquanto que em Fortaleza mais da metade (55,34%) de todos os veículos são do tipo automóvel, no Interior a proporção se inverte: motos (61,96%) são maioria, deixando carros para trás (25,75%). “Até para tanger o gado, levando e deslocando rebanho, a gente nota essa diferença”, avalia Alexsandro.
Mudanças
Na visão de quem pilota sobre as duas rodas, o presidente de honra da Associação Brasileira de Motociclistas (Abram), Lucas Pimentel, opina que a moto é vista como um veículo intruso. “Mas são milhões de pessoas que usam como transporte, lazer, esporte. O desafio primeiro é mudar a cultura do motorista”.
Ele defende que são necessárias mudanças na indústria e na formação dos condutores. “O capítulo da frenagem é muito curto, se ensina a usar o freio do pé, mas há situações que precisa equilibrar o freio dianteiro com traseiro. O sistema de iluminação também é deficiente”. Lucas argumenta que em outros países há sinalizações específicas. “Na engenharia também há problemas: as faixas de rolamento são como armadilhas. O Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) detectou dois mil pontos de vulnerabilidade nas estradas brasileiras pra carro, imagina pra moto. A frota de moto ainda vai crescer mais e o País precisa se preparar pra isso”.
Fonte: O Povo
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