'Sempre tive vontade de comer as coisas, quase nunca tinha', ele lembra.
Após hit 'Dom dom dom', mãe deixou de ser doméstica: 'Sofremos muito'.
As letras cantadas por MC Pedrinho, novo ídolo do funk paulista, narram o
oposto do que o garoto de 12 anos conta sobre sua própria vida.
Ostentar conquistas materiais e sexuais é mais fantasia de futuro que
relato de vida. Ele canta sobre proezas amorosas - com palavrões em tom
de brincadeira de pré-adolescente -, mas já disse que ainda espera o
primeiro beijo. O luxo de músicas como "Vida diferenciada" (uísque, Red
Bull e viagem para Amsterdã) também passou longe da infância. "Sofremos
muito, nem gosto de lembrar", diz a mãe, Analee Maia, ex-empregada
doméstica.
MC Pedrinho faz parte do especial do G1 “Pop
de menor”, sobre músicos brasileiros rumo ao estrelato sem idade nem
para dirigir. Com pequenas idades e grandes fã-clubes, eles têm cifras
que superam veteranos nas redes sociais. Os famosinhos contam como é se
dividir entre aulas de matemática e milhões de cliques somados no
YouTube. Veja letras e vídeos do MC Pedrinho.
"'Cê é lôco'! Nem mistura em casa tinha. Sempre tive vontade de comer as
coisas e quase nunca tinha", lembra o menino. ("Mistura" é expressão
usada em algumas regiões do Brasil para se referir a carne ou outro
complemento ao arroz e feijão no prato). Ele nasceu em Cabreúva, pequena
cidade a 80 km de São Paulo, e criado na zona norte da capital. Pedro
Maia é caçula com três irmãos: Luiza, 13 anos, Fernando, 15, e Giovana,
17.
'Tenho minha casa agora'
"Sempre fui extrovertido, mas nunca imaginei virar um artista", conta o garoto hiperativo. Ele brincava de ser funkeiro sem imaginar que daria certo. Quando perguntado sobre quem o ensinou a cantar, ele diz: "Ninguém, nem eu sabia!". Enquanto isso a mãe tinha que deixar os filhos com familiares para ir aos empregos de doméstica. "Minha mãe trabalhava muito para conseguir as coisas", reconhece Pedrinho.
"Sempre fui extrovertido, mas nunca imaginei virar um artista", conta o garoto hiperativo. Ele brincava de ser funkeiro sem imaginar que daria certo. Quando perguntado sobre quem o ensinou a cantar, ele diz: "Ninguém, nem eu sabia!". Enquanto isso a mãe tinha que deixar os filhos com familiares para ir aos empregos de doméstica. "Minha mãe trabalhava muito para conseguir as coisas", reconhece Pedrinho.
"Um dia um amigo me chamou para ir na GR6 (produtora de funk), fiquei
sem dormir. Aí foi ‘mó legal’, quando entrei para gravar a música. Em
uns dez dias os caras já gravaram o clipe. Eles fazem tudo por mim, é
‘da hora’", resume o menino. O sucesso no "funk pesadão" veio rápido,
com cifras impressionantes: 600 mil fãs no Facebook e 14 milhões de
visualizações no YouTube em quatro meses do hit "Dom dom dom". É difícil
calcular o número total de cliques nos seus vídeos, que não estão
juntos em um canal oficial - a conta de 35 milhões aqui é apenas a soma
dos mais vistos.
Os shows já chegam a 20 por mês, segundo o produtor Douglas Santos. Ele
não divulga o rendimento de MC Pedrinho. O trabalho é intenso, mas
comemorado como alívio para a família. A mistura já não falta no prato e
eles já têm imóvel próprio. "Tenho minha casa agora, não passo mais
vontade das coisas e minha mãe não precisa mais deixar eu e meus irmãos
com minha tia para ir trabalhar", comemora o MC.
De doméstica a dona de casa
A mãe não trabalha mais como empregada doméstica, e pode ficar em casa cuidando dos quatro filhos adolescentes - o que significa que ela não deixou de ter muito trabalho. "Atualmente me dedico a casa e meus quatro filhos, que inclusive dá um trabalhão (risos). Mas consigo conciliar tudo e acompanho meu filho em seus shows", diz Analee, de 39 anos.
A mãe não trabalha mais como empregada doméstica, e pode ficar em casa cuidando dos quatro filhos adolescentes - o que significa que ela não deixou de ter muito trabalho. "Atualmente me dedico a casa e meus quatro filhos, que inclusive dá um trabalhão (risos). Mas consigo conciliar tudo e acompanho meu filho em seus shows", diz Analee, de 39 anos.
"Graças a Deus, aos poucos estamos conseguindo conquistar nossas coisas.
Hoje não passamos dificuldade, temos uma casa, e consigo ficar mais
tempo com meus filhos. E principalmente eles terem a oportunidade de ter
um ensino de qualidade", diz a mãe. Ela não quis falar sobre o pai de
Pedrinho. Quando questionada, disse: "Sim, ele tem o pai (só isso)".
'Pesadão' light
Pedrinho tem destaque na onda atual de "funk pesadão" de SP, com letras cheias de palavrões impublicáveis - "Dom dom dom" era assim na versão original. O sucesso cresceu com uma versão mais leve dos versos. A nova letra permite que o sucesso da web chegue a rádio e TV. "Atualmente as letras do Pedro estão melhorando. Porém, ainda existem as músicas antigas que circulam na internet. Mas mesmo não gostando das letras eu apoio meu filho em todos os seus trabalhos", diz a mãe.
Pedrinho tem destaque na onda atual de "funk pesadão" de SP, com letras cheias de palavrões impublicáveis - "Dom dom dom" era assim na versão original. O sucesso cresceu com uma versão mais leve dos versos. A nova letra permite que o sucesso da web chegue a rádio e TV. "Atualmente as letras do Pedro estão melhorando. Porém, ainda existem as músicas antigas que circulam na internet. Mas mesmo não gostando das letras eu apoio meu filho em todos os seus trabalhos", diz a mãe.
No meio de tantas mudanças e sucesso, Pedrinho ainda tem que arrumar
tempo para a escola, na sétima série. "Vou sim, estudo à tarde. É
corrido, mas dá tempo", conta. "Gosto de algumas coisas, mas o que mais
gosto é História", conta. Seu comportamento ganha só elogios do
produtor. "É um menino muito educado e divertido, dessa forma os
trabalhos com ele se tornam muito mais agradáveis e sem complicações. O
Pedrinho é um caso de um em 1 milhão. Trabalhei com várias artistas (MC
Guimê, Nego Blue, Daleste) e não há nada igual a ele. Vejo um futuro
brilhante", elogia Douglas.
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