Na disputa por domínio de território, a polícia está perdendo a guerra
para os bandidos em pelo menos 22 áreas na Grande João Pessoa e nove em
Campina Grande. Esses locais foram apontados por representantes de
várias categorias que prestam serviço nos bairros, como áreas dominadas
por bandidos, que assaltam e colocam armas na cabeça dos trabalhadores,
ameaçando-os de morte. A ação dos bandidos já impediu a realização de
serviços em várias comunidades. A Secretaria da Segurança reconhece que
precisa ampliar as ações da polícia nessas áreas e vai ouvir as
categorias.
Na comunidade Cangote do Urubu, vizinha ao Centro da Cidade, os
carteiros estão sem entregar correspondência. Os taxistas estão evitando
bairros da Capital até mesmo durante o dia e deixando de fazer corrida
com casais, por ser uma tática usada por bandidos para roubá-los. O
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) criou restrições e só
atende a ocorrências de arma de fogo e arma branca se a ambulância
estiver acompanhada da polícia. Em alguns bairros de João Pessoa,
bandidos estão andando de graça nos ônibus e obrigando os motoristas a
desviar da rota para deixá-los na porta de casa. Na comunidade Boa
Esperança (Cristo), um leiturista da Cagepa foi assaltado duas vezes e
dias depois foi ameaçado de morte por presenciar uma tentativa de
assassinato.
Transporte é refém de gangs
O retrato do domínio dos bandidos nas comunidades das duas principais
cidades paraibanas (João Pessoa e Campina Grande) é o que está
acontecendo com o transporte público da Capital. De acordo com o
Sindicato dos Motoristas da Paraíba, no conjunto Colinas do Sul
(Grotão), praticamente ninguém paga passagem. É que os bandidos que
controlam a região e os moradores protegidos por eles, entram nos ônibus
sem pagar a passagem e ainda obrigam os motoristas a saírem da rota,
para deixá-los na porta de casa. “Em uma viagem com o ônibus lotado,
quando chega ao terminal tem três ou quatro passagens pagas. E o
motorista tem que fazer tudo calado, porque se reclamar morre”, disse
Antônio de Pádua, presidente do sindicato.
Segundo Pádua, essa situação acontece também nas comunidades no Alto do
Mateus, Ilha do Bispo, Renascer (Cabedelo), Bairro São José, Vale das
Palmeiras (Cristo). “No Vale das Palmeiras quem manda é os bandidos. E o
povo que vê eles andando de graça, lá e nos outros locais, vão na mesma
onda e os motoristas não podem fazer nada”, reclamou. O presidente do
sindicato relatou outra situação de desacato aos motoristas, que
acontece no Bairro São José. “Lá os bandidos fecham a rua pra beber e o
motorista tem que parar e esperar a boa vontade deles pra liberar a via.
Se reclamar já sabe o que acontece. São bandidos, chefes do tráfico no
local”, relatou.
Além desse problema, os ônibus são alvos de assaltos, principalmente
nessas comunidades. “Tem havido uma redução na quantidade de assalto,
não por conta de ação da polícia e sim porque tem diminuído a quantidade
de dinheiro em circulação, com o uso dos cartões de passagem. Mesmo
assim, temos casos como um motorista que roda no Colinas do Sul, que foi
assaltado dez vezes em um mês”, disse. Atualmente a frota de ônibus de
João Pessoa possui quase mil ônibus e faz cerca de cinco mil viagens por
dia, transportando sete milhões de passageiros por mês, de acordo com o
sindicato.
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