quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Ataques marcam primeiro debate entre presidenciáveis na TV

O debate na TV Bandeirantes reuniu sete candidatos à Presidência. (Foto: Fernando Donasci / Agência O Globo)
A 40 dias da eleição, o primeiro debate da campanha de 2014 entre os sete presidenciáveis, ontem na TV Bandeirantes, elevou a temperatura da disputa. Houve ataques recíprocos entre os três principais adversários: a presidente Dilma Rousseff (PT), que concorre à reeleição, o ex-governador Aécio Neves (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva (PSB). Logo no início do primeiro bloco que permitia perguntas entre os candidatos, pelo menos um tema uniu, em perguntas distintas, Aécio e Marina contra Dilma: a situação econômica do país. Levando para o debate ecos das manifestações de junho de 2013, Marina citou os pactos pela mobilidade urbana e pelo controle da inflação. E acusou Dilma de não tê-los cumprido.

A presidente reagiu, afirmando que “a inflação está sendo sistematicamente reduzida”. A candidata do PSB respondeu com um ataque direto à gestão Dilma, que teria, segundo ela. apresentando um Brasil “quase cinematográfico”, que não existe.

Aécio Neves, ao criticar a política econômica do governo petista, acusou a presidente de ter “um conjunto de ações desastradas e desconexas em vários setores”. Aécio e Marina também se estranharam diante de dois assuntos: o tucano cobrou da ex-senadora “coerência” em torno dos nomes que escolhe para integrar seu rol de aliados, e Marina criticou a gestão de Aécio como governador de Minas, na área da Educação.

Aécio e Dilma travaram embate por conta do escândalo da venda da refinaria de Pasadena, envolvendo ex-diretores da Petrobras. O presidenciável declarou que a Petrobras passou das páginas econômicas para as páginas policiais e encerrou seu tempo de questionamento perguntando a Dilma se não era hora de ela pedir desculpas pela gestão temerária da empresa. Temas como o controle social da mídia e os conselhos populares também fizeram parte da discussão.

Em suas considerações finais, ao querer enfatizar a ideia de que o "Brasil não comporta novas aventuras" e de que somente ele representaria a mudança com responsabilidade, Aécio antecipou que, caso eleito, escolheria Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central na gestão Fernando Henrique, ministro da Fazenda. Já Marina voltou a citar Eduardo Campos ao final do debate, lembrando ter vivido uma “realidade traumática", e Dilma reforçou que fora eleita para "fazer avançar o legado de Lula".

Ao abordar a questão da economia em sua pergunta para Aécio, Dilma aproveitou também para criticar as altas taxas de desemprego no governo Fernando Henrique Cardoso.

Mantendo as fortes críticas, Aécio declarou que o governo Dilma não inspira confiança e que não tem credibilidade por conta de ações que considera “desastradas e desconexas”, além de um intervencionismo forte na economia. E disse ainda que o governo do PT se aproveitou de reformas feitas no governo FH.

— É preciso que a senhora reconheça que o país não cresce e não gera emprego. O governo que a senhora comanda, infelizmente, perdeu a capacidade de inspirar confiança, credibilidade por um conjunto de ações desastradas, desconexas, um intervencionismo absurdo em setores como o de energia. A grande verdade é que o governo do PT surfou nas reformas feitas no governo do presidente Fernando Henrique. Mas a bendita herança acabou, e os brasileiros estão preocupados com o futuro — afirmou o tucano.

Em resposta aos ataques, a petista criticou a gestão tucana à frente do Palácio do Planalto, dizendo que o PSDB quebrou o Brasil e citou números de geração de empregos dos dois governos petistas. Dilma afirmou que, apenas em seu governo, já gerou mais empregos no país do que nos oito anos de Fernando Henrique:

— A verdade é que o governo do PSDB quebrou o Brasil três vezes. Propôs aumento de tarifa, propôs que não se desse aumento de salários, tivemos redução salarial terrível nesse período. No meu governo, geramos mais empregos do que vocês geraram em oito anos. Estou gerando 5 milhões e 500 mil empregos, os números não podem ser enganosos, e o governo do PSDB cortou salários e deu tarifaços.

MANIFESTAÇÕES DE JUNHO FORAM LEMBRADAS

Aécio pediu a Dilma um “gesto de grandeza” para reconhecer que os programas sociais do governo do ex-presidente Lula tiveram o embrião nas gestões tucanas. E ironizou o fato de Dilma, ao assumir, ter mandado carta a Fernando Henrique elogiando os feitos na economia.

— Não tivesse havido governo do presidente Fernando Henrique, com estabilidade da moeda, sempre contra apoio do PT, modernização da economia, privatização de setores que deveram estar fora do estado, não teria governo do presidente Lula. Foram os programas sociais do governo Fernando Henrique que levaram aos do presidente Lula. Reconhecer é gesto de grandeza que tem faltado a seu governo — alfinetou.

No mesmo bloco, Dilma e Marina Silva também foram para o embate. Primeira do bloco a perguntar, a ex-senadora escolheu questionar a petista sobre o que deu errado, já que, segundo ela, as propostas feitas por Dilma depois das manifestações de junho de 2013 não saíram do papel. A presidente respondeu que avalia que todas as propostas deram certo, que fez cinco pactos, entre eles a destinação de 75% dos royalties do petróleo e fundos do pré-sal para a Educação. Ela afirmou ainda que prometeu e cumpriu a implementação do programa Mais Médicos, e que a reforma política foi enviada para votação do Congresso, mas não passou:

— Eu considero que tudo deu certo, veja você. Fizemos também um compromisso com a reforma política, enviamos ao Congresso e não foi aprovada. Acredito que a reforma vai exigir a consulta popular através de plebiscito.

Partindo para o ataque, Marina Silva respondeu dizendo que o Brasil “cor-de-rosa” apresentado por Dilma simplesmente não existe:

— Uma das coisas mais importantes para que a gente possa resolver os problemas é reconhecer que existem. Quando a gente não reconhece, não passa esperança para a população de que serão enfrentados à altura. Esse Brasil colorido, quase cinematográfico que Dilma mostrou, não existe na vida das pessoas. A gente continua parado no trânsito, a reforma política virou troca de ministros em troca de apoio e tempo de televisão.

Dilma e Aécio voltaram a se confrontar em torno da Petrobras. O candidato tucano afirmou que a empresa perdeu metade do valor de mercado e que está nas páginas policiais. E perguntou a Dilma se não era hora de pedir desculpas pela condução “temerária” da Petrobras.

DILMA CITA SEGURANÇA DURANTE A COPA

Dilma disse que Aécio desconhece a empresa.

— Hoje a Petrobras é a maior empresa da América Latina. Passou de um valor de R$ 15 bilhões do seu governo para R$ 110 bilhões no nosso. No meu governo a Petrobras descobriu e perfurou o pré-sal. Vocês disseram que tínhamos inventado o pré-sal, e conseguimos tirar 540 mil barris. O volume de reservas permite à Petrobras ser uma das maiores empresas de petróleo do mundo. Em 2018, vamos produzir 3,8 milhões de barris. A Petrobras é uma grande riqueza do Brasil. Não fomos nós que tentamos mudar o nome para Petrobrax, porque soava melhor na língua inglesa.

Aécio replicou:

— Uso emprestado o termo da candidata. É uma leviandade a atuação da presidente diante dos casos que surgem na Petrobras. Um colega seu está preso hoje (referência ao ex-diretor Paulo Roberto Costa). Todas as denúncias acabam caminhando para benefícios a seu partido e a partidos que lhe dão apoio.

Dilma usou a tréplica:

— Repito que é uma leviandade. Quem investiga a Petrobras é um órgão do governo federal, a Polícia Federal (...) e doa a quem doer. Nós nunca escondemos para debaixo do tapete os crimes de corrupção. Nunca tivemos uma relação com o Procurador-geral da República para transformá-lo em engavetador-geral da República.

No quinto bloco, Aécio foi questionado sobre a criação dos conselhos populares, defendida pelo governo federal. O tucano respondeu dizendo que vê com enorme preocupação a criação dos conselhos, e afirmou que a formatação definida pelo PT avilta o poder do Congresso e pode ser definido como controle social da mídia:

— A democracia pressupõe instituições sólidas, que tenham independência entre si. Participação popular é essencial, temos dezenas de conselhos atuando, mas a formatação que o PT busca trazer é algo que avilta um poder que deve ser independente e soberano porque eleito pela sociedade brasileira. O conjunto de ideias que o PT deixa à discussão pública, mesmo que não as assuma diretamente, vem aquela do controle social da mídia. A liberdade de imprensa é pressuposto fundamental para que tenhamos democracia no país. Esse decreto nos preocupa imensamente, por isso estamos apoiando no Congresso a suspensão desse decreto.

No comentário, Dilma disse que o PSDB sempre temeu o diálogo e a participação popular:

— É normal que o candidato Aécio pense assim, sempre tiveram muito medo do diálogo e da participação popular e social. Não há nenhum conselho de participação social, há um decreto que regulamenta conselhos, e é para consulta, não é processo decisório. É estarrecedor que se considere plebiscito algo bolivariano.

Fonte: O Globo

Dinheiro de roubo do Banco Central compra votos no Ceará

 
Lula Morais disse que dará o nome do candidato a deputado federal que estaria comprando votos com dinheiro roubado do Banco Central. (Foto: José Leomar)
O deputado estadual Lula Morais (PCdoB), ontem, no plenário da Assembleia, denunciou que candidato a deputado federal, nestas eleições, está lavando "dinheiro do Banco Central", na compra de votos, em Fortaleza e no Interior. O parlamentar fazia referência aos milhões de reais roubados do Banco Central, no Ceará, em agosto de 2005.

Lula Morais acrescentou que está à disposição do Ministério Público (MP) para dar mais detalhes do derrame de dinheiro do referido postulante. O deputado disse que indicaria o nome se fosse ouvido pelas autoridades cearenses. A manifestação do parlamentar foi em aparte ao discurso do deputado Fernando Hugo, que criticava a compra e venda de votos no Ceará.

Fernando Hugo afirmou que uma candidata à Assembleia Legislativa do Município de São Benedito, na Serra Grande, correligionária do deputado Lula Morais, está comprando "tudo quanto é voto na Ibiapaba" e "desce de ladeira abaixo comprando tudo que é de voto que encontra pela frente". O deputado não nominou a candidata, mais deixou a entender que ela foi prefeita daquela cidade.

O deputado Ely Aguiar afirmou que os presidentes de partidos também vendem as legendas e discorreu sobre situações que aconteceram em nível nacional e estadual. Sobre as falas de Lula Morais, de que estaria havendo "lavagem de dinheiro" nas eleições do Ceará, Aguiar salientou que dinheiro que foi roubado no assalto ao Banco Central, em 2005, estaria sendo usado para financiar campanha de deputado federal no Estado.

Mudanças

O deputado Fernando Hugo disse que estava envergonhado da política eleitoral atualmente no Brasil e no Ceará e ressaltou que chegou até a pensar em ser corrupto ou ter roubado, visto a falta de consciência eleitoral no Estado. "Não vou aqui culpar a ausência de fiscalização da Justiça Eleitoral. Mas o voto no Brasil e no Ceará se transformou em uma ´esculhambaria´. Nunca antes se viu uma mercantilização tão baixa como agora", disse.

O parlamentar ressaltou que, há alguns dias, Lula Morais já havia lembrado sobre a compra de votos nas eleições deste ano no Ceará e defendeu mudanças no comportamento da população para com a importância do voto. "Eu chego a pensar que o bom é roubar, porque o povo quer. Na hora da escolha eleitoral, ajuda aquele que compra. Ele continua ainda como no tempo dos coronéis, querendo chapa, chave da casa. É uma vergonha e inaceitável", criticou.

Votações

Todas as matérias do Governo que estavam na pauta de votação, desde a semana passada na Assembleia Legislativa do Ceará, foram aprovadas na sessão de ontem. A primeira delas trata da vinculação de recursos do Fundo de Participação do Estado (FPE) para fins de garantida de adimplemento das obrigações do Estado com a Parceria Público-Privada (PPP) firmada com empresas do Ceará. Outra desafeta fração de terreno de 36 mil metros quadrados para alienação através de dação em pagamento à Sociedade de Propósito Específico Ponte Estaiada (OAS) Marquise Infraestrutura S.A.

Outra matéria aprovada foi a que altera a nomenclatura da Secretaria Especial da Copa (Secopa) para Secretaria Especial de Grandes Eventos Esportivos. Ainda na sessão de ontem, foi aprovada a cessão de imóvel para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), além de projeto de Lei Complementar de Lula Morais que adiciona Paracuru, Paraipaba, Trairi e São Luis do Curu na Região Metropolitana de Fortaleza. Em sessão extraordinária, os deputados aprovaram mudança na Constituição do Ceará para tornar a Administração Fazendária mais autônoma e eficiente.

Fonte: Diário do Nordeste

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