terça-feira, 29 de julho de 2014

POLÍTICA: traições e "viradas de casaca" marcam embate entre Eunício e Camilo


Dono da maior coligação do Ceará, Camilo já teve baixa de três deputados e cinco prefeitos para Eunício Oliveira
Aliados, Cid e Eunício mordem rapadura em 2010. Hoje disputam apoios

Passado menos de um mês das convenções que definiram as alianças eleitorais, vários políticos já “pularam a cerca” para apoiar candidatos a governador de fora de suas coligações. Criticada de ambos os lados, a infidelidade altera o equilíbrio eleitoral na disputa pelo governo do Ceará.
Se possui a maior coligação do Estado - com 18 partidos -, Camilo Santana (PT) também leva consigo o maior número de baixas na base. Até agora, pelo menos três deputados e cinco prefeitos de partidos aliados já “trocaram o barco” petista pela candidatura de Eunício Oliveira (PMDB). Em contrapartida, três prefeitos e dois vereadores de Fortaleza deixaram a aliança peemedebista para apoiar Santana.
A mudança de lado mais recente veio pelo deputado federal Manoel Salviano (PSD). Apesar de ter subido no palanque que lançou Camilo ao governo em junho, o parlamentar anunciou neste fim de semana que retirará a candidatura de seu filho, Samuel Salviano (PSD), para apoiar candidatos da chapa encabeçada por Eunício. Ely Aguiar (PSDC) e Hermínio Resende (Pros) também trocaram a base cidista pelo PMDB.
Na tarde de ontem, evento do comitê de Eunício em Fortaleza contou ainda com presença prefeitos de Milhã, Ibicuitinga, Pereiro, Mombaça e Iguatu - todos de partidos coligados com Camilo Santana.
Mesmo dono de arco de alianças menor que o do adversário - de nove partidos -,

Eunício não escapou de ter também suas baixas. Até a tarde de ontem, os prefeitos de Limoeiro do Norte, Santa Quitéria e Nova Russas (dois deles do próprio PMDB) já haviam confirmado saída da base eunicista para apoiar Camilo.

A assessoria de imprensa do petista também afirma que os vereadores Carlos Mesquita (PMDB) e Wellington Saboia (PSC) estariam apoiando Camilo. A reportagem tentou entrar em contato com ambos, mas não obteve resposta.
Em entrevista ao O POVO na tarde de ontem, Eunício Oliveira se disse “assustado” com práticas de concorrentes na garantia de apoios. Sem citar nomes, o peemedebista denunciou suposto uso de recursos estaduais para cooptar prefeitos do interior. “Eu imaginava inclusive que as estradas estaduais estavam muito boas, porque nós aprovamos R$ 900 milhões para reconstrução delas. E tô vendo que tão pegando esse dinheiro e não fazendo, dando pra municípios pra fazer política”, diz.
O líder do governo na Assembleia, José Sarto (Pros), rejeitou as denúncias. “Acho que já começou a temporada de desespero político (...). O governo não vai parar porque é eleição, ele vai continuar a executar as obras que sempre executou”.
Quem trocou de candidato
Aliados de Cid que apoiam Eunício
Deputado federal Manoel Salviano (PSD) e os deputados estaduais Ely Aguiar (PSDC) e Hermínio Resende (Pros).
Prefeitos de Ibicuitinga, Cleomário de Freitas (PRB); Milhã, Otacílio Macedo (PP); Pereiro, João Francismar (PSD); Mombaça, Ecildo Filho (PSD); e Iguatu, Aderilo Alcântara (PRB). E ainda os presidentes das câmaras de Campos Sales, Jaguaribe, Limoeiro do Norte e Tarrafas.
Coligados com o PMDB que apoiam Camilo
Os vereadores Carlos Mesquita (PMDB) e Wellington Saboia (PSC).
Prefeitos de Limoeiro do Norte, Paulo Duarte (DEM), de Santa Quitéria, Fabiano Lobo (PMDB), e Nova Russas, Gonçalo Lobo (PMDB).
*Adesões divulgadas pelas assessorias de imprensa dos candidatos. Os políticos não foram localizados para comentar o assunto.
Saiba mais
Disputa pela Prefeitura de Fortaleza em 2012 ficou marcada por intenso “troca-troca” entre aliados de Roberto Cláudio (então PSB) e Elmano de Freitas (PT). Na época, partidos como o PTC e o PTdoB, alteraram diversas vezes seu candidato. Os casos foram parar na Justiça.
Em entrevista na tarde de ontem, o vice-prefeito de Fortaleza, Gaudêncio Lucena, evitou o tema: “Toda a vez que confirmo uma adesão ao jornal, logo depois acontece o contrário. Melhor evitar”.

Fonte: O Povo

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