domingo, 18 de junho de 2023

Número de mortos em seita de jejum no Quênia passou de 300

O número de supostos membros de seitas cristãs que jejuaram até a morte no sul do Quênia para “encontrar Jesus Cristo” subiu para 336, depois que mais dez corpos foram exumados nesta sexta-feira (16), informou a polícia local.

O comissário da polícia regional da Costa do Quênia, Rhoda Onyancha, disse em declarações publicadas pela mídia local que o trabalho na floresta Shakahola foi suspenso “para preparar a autópsia dos corpos que foram exumados durante a terceira fase”.

Onyancha disse que 19 corpos foram identificados por parentes, enquanto 613 seguem desaparecidos. Além disso, 95 pessoas foram resgatadas com vida até o momento, 36 foram presas em conexão com o chamado “massacre de Shakahola” e 93 amostras de DNA foram coletadas de parentes.

O líder da seita que supostamente persuadiu as vítimas a jejuar, o pastor Paul Mackenzie, juntamente com sua esposa e outros 28 suspeitos, compareceram ao tribunal de Shanzu, na cidade costeira de Mombasa, no sul do país, nesta quarta (14).

A pedido do Ministério Público, o juiz Yusuf Shikanda ordenou a transferência de Mackenzie e dos demais detidos nas delegacias de polícia para a prisão na cidade litorânea de Malindi, onde permanecerão até nova acusação, em 21 de junho.

O Ministério Público fez o pedido devido à visível fraqueza de alguns suspeitos – um deles não conseguia nem se levantar no tribunal – que fizeram greve de fome sob custódia da polícia, de modo que na prisão eles serão forçados a comer e evitar o risco de morte.

Aqueles que ainda não pararam de comer são Mackenzie e um de seus assistentes, de acordo com informações fornecidas no tribunal.

Na última segunda (12), um total de 65 vítimas resgatadas da floresta foram levados ao tribunal em Shanzu por supostamente tentarem suicídio ao se recusarem a comer em um centro de resgate.

O Ministério Público entrou com um pedido para mantê-las sob custódia, já que o centro de resgate não pode mais mantê-las.

Quase todos os mortos do “massacre de Shakahola” foram exumados de túmulos e valas comuns na floresta, com exceção de alguns que morreram no hospital devido ao seu estado grave. As autópsias de mais de cem corpos mostraram que, embora todos apresentassem sinais de fome, os corpos de pelo menos três menores e um adulto também apresentavam traços de estrangulamento e asfixia.

As investigações iniciais da polícia sugerem que os fiéis foram forçados a continuar o jejum mesmo que quisessem abandoná-lo.

Em 14 de maio, o presidente do Quênia, William Ruto, pediu desculpas em nome do governo por não ter conseguido evitar as mortes. Mackenzie, que está sob custódia policial desde 14 de abril, lidera a Good News International Church.

Ex-motorista de táxi, o pastor foi preso em março após ser acusado da morte de duas crianças em circunstâncias semelhantes, mas foi libertado sob fiança.

*EFE

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