domingo, 18 de setembro de 2016

Mercado resiste a contratar profissionais com mais de 50


Mercado resiste a contratar profissionais com mais de 50 (Foto: Moacyr Lopes Junios/Folhapress)


Se não se aposentam, profissionais com idade ao redor de 55 anos encontram espaço no mercado de trabalho? Nem sempre.

Diretor da Michael Page, empresa especializada em recrutar executivos, Henrique Bessa diz que precisa fundamentar muito bem currículos de pessoas com essa faixa etária para que sejam chamados para uma entrevista.

"Eu busco mostrar os diferenciais, como a experiência em lidar com situações que possam interessar à empresa, destaco a energia desse profissional e a sua capacidade de adaptação a novidades."

Aos 50 anos, M.P. ocupou posições de chefia em grandes bancos no Brasil e no exterior, mas há um ano não consegue um emprego formal. Ele pediu que seu nome não fosse revelado.

M.P. atribui a demora à recessão. "Com a minha idade, ainda tenho muito a entregar", afirmou.

Mesmo se já tivesse o tempo de contribuição exigido, ele diz que não sairia do mercado. "A aposentadoria não pagaria nem meu condomínio. Tenho um filho de 18 anos, não vale a pena parar."

Outro complicador mais recente, na opinião de Bessa, é que muitas empresas vêm adotando uma aposentadoria compulsória, ao redor dos 65 anos, o que limita a uma década a vida profissional extra de um trabalhador de 55 anos, dificultando sua contratação.

Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores), afirma que, diante da resistência de empregadores em absorver essa mão de obra, sindicatos filiados à central, como dos comerciários, estão incluindo em suas negociações salariais pedido para criação de vagas destinadas a aposentados.

Mas ele acrescenta outro problema. Se por um lado o brasileiro está vivendo mais e precisa trabalhar mais, por outro é preciso liberar vagas para os mais jovens, que estão entrando no mercado.

"Com a mudança tecnológica e a mecanização em vários setores, como na indústria automotiva, há menos demanda por mão de obra. Não haverá espaço para todos", afirma Patah.

Fonte: Folha de S. Paulo

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